CULTURA SURDA
Um conceito sobre cultura fácil de entender seria: Cultura é algo inerente a toda a humanidade, estando presente, entre todos os agrupamentos de seres humanos. Desde os primórdios da civilização, diversificadas formas de cultura, surgiram de tempos em tempos. Ela esta presente tanto em povos civilizados, como também nos mais primitivos. Já conhecidos ou não identificados ainda. Em seu amplo sentido etnográfico cultura compreende conhecimentos, crenças, religião, arte, valores, moral, costumes, linguagem, ciência, instituições (Estado, escola, família) e leis adquiridas pelo indivíduo parte integrante de uma sociedade. Somente os seres humanos possuem a capacidade de criar cultura.
Ao darmos um vislumbre na trajetória da Historia da Humanidade, veremos que o etnocentrismo imperou de forma violenta contra os diferentes (minorias). As comunidades surdas foram historicamente consideradas como inúteis, sem direitos, tratados como inferiores e em algumas culturas descartados e até mortos. Simplesmente por não terem o mesmo modo de se comunicarem (linguagem oral) com os normais (ouvintes)
Somente na década de 70, após publicação nos Estados Unidos pela Gallaudet University dos estudos na Língua de Sinais Americanas, é que as portas se abriram. Os surdos conquistaram seu direito de utilizarem sua língua natural (materna). Infelizmente ainda por falta de conhecimento ou cegueira espiritual muitos, inclusive na rede de ensino, consideram os surdos como um empecilho em sala de aula. Prestem atenção: A pessoa surda não é um DEFICIENTE. Ele é membro de uma comunidade cultural e linguística diferente da nossa. No decorrer dos séculos os surdos formaram sua cultura própria. Através de sua forma de comunicação gestual-visual. Praticamente por todo o mundo encontraremos clubes ou associações de surdos. Ali eles se reúnem e convivem socialmente.
A própria UNESCO em l984, declarou o seguinte: “(...) a língua de sinais deveria ser reconhecida como um sistema linguístico legítimo e deveria merecer o mesmo status que os outros sistemas linguísticos”.
Na era da Globalização enfrentamos uma crescente aversão aos diferentes. A escritora Liana Salmeron Botelho de Paula (Psicóloga na Secretaria de Educação do Distrito Federal), em seu artigo Cultura escolar, cultura surda e construção de identidades na escola. Declara: “No mundo globalizado em que vivemos, observa-se a crescente padronização e estandardização dos produtos socioculturais. Há interesses econômicos e políticos que exigem a normalização, homogeneização, estabilização de valores éticos e estéticos e a criação de códigos de comunicação universal. No entanto, diferenças de estilos, gostos, gestos e modos de falar e entender continuam a marcar a diferença entre povos e grupos e a causar estranhezas, duvidas e mesmo rejeições. No contexto da dominação cultural, essas diferenças se inserem em uma lógica binária que estabelece fronteiras entre o normal e o anormal, produzindo, assim, as minorias.
Negar as diferenças culturais significa não considerar que as sociedades modernas se formaram sob a égide de políticas colonialistas, as quais estabeleceram relações hierárquicas entre diferentes povos e a dominação da metrópole sobre a colônia. Ou seja, indica procurar esquecer a gênese dos sérios problemas relacionados com as culturas de minorias.”.
Devido às dificuldades linguístico-comunicativo entre os surdos e os ouvintes, se torna mais difícil
o desenvolvimento cultural. Para sua concretização, é imprescindível recurso especial, para que ocorra o processo ensino-aprendizagem. Somente com a LIBRAS os obstáculos ao progresso cognitivo serão eliminados.
Desse modo, a construção da identidade surda implica um processo de consciência de si própria.
E somente ocorrera se for mediada por relações intersubjetivas, de comunicações linguísticas e intercâmbios sociais.
Por fim, a linguista Surda Carol Padden afirmou categoricamente: “Cultura é um conjunto de comportamentos aprendidos de um grupo de pessoas que possuem sua própria língua, valores, regras de comportamento e tradições”. Sendo assim, por direito, devemos respeitar e aceitar a comunidade surda como indivíduos atuantes em nossa sociedade. Usufruindo os mesmos direitos e deveres de um cidadão usuário da linguagem oral - auditiva.
Rizovaldo Costa Miranda – Graduando em Pedagogia pela UNIP.
Autora: Karin Strobel - História da Educação de Surdos - UFSC/2009
AS DIFERENÇAS CULTURAIS E O SÍMBOLO DA PAZ
O PRIMEIRO ACORDO INTERNACIONAL DO MUNDO A ASSOCIAR A CULTURA COM A PAZ.
'' ONDE HÁ PAZ, HÁ CULTURA!
ONDE HÁ CULTURA, HÁ PAZ!"
O ANO DE 2000 FOI PROCLAMADO PELA SECRETARIA GERAL DAS NAÇÕES UNIDAS COMO " O ANO INTERNACIONAL DA CULTURA DA PAZ".
A LINGUAGEM DA MÃOS
DECRETANDO LIBRAS NO BRASIL
“Na personalidade a comunicação
No comando a legitimidade
Na abstração o sentimento
No pensamento a dignidade.
O decidir de uma autoridade
É ordem, vontade ou decisão
Poder na hierarquia executiva
Em obediência a um coração.
Coração então representado
Pelos sinais que vêm da mão
Estrutura de linguagem humana
Facilitando a conscientização.
A Língua Brasileira de Sinais
Esta disposta por considerações
Apoiando a comunidade surda
Que se espalha pelas nações.
Multiplicando os educadores
Atendendo a pequena criança
Oralizado ou sinalizado
O que importa é o desenvolvimento
Até ouvintes em seus discursos
Usam as mãos por um momento...”
Aparecida Miranda (Poetisa Surda)
“Na personalidade a comunicação
No comando a legitimidade
Na abstração o sentimento
No pensamento a dignidade.
O decidir de uma autoridade
É ordem, vontade ou decisão
Poder na hierarquia executiva
Em obediência a um coração.
Coração então representado
Pelos sinais que vêm da mão
Estrutura de linguagem humana
Facilitando a conscientização.
A Língua Brasileira de Sinais
Esta disposta por considerações
Apoiando a comunidade surda
Que se espalha pelas nações.
Multiplicando os educadores
Atendendo a pequena criança
Oralizado ou sinalizado
O que importa é o desenvolvimento
Até ouvintes em seus discursos
Usam as mãos por um momento...”
Aparecida Miranda (Poetisa Surda)